quarta-feira, 25 de julho de 2012

6 pausas aleatórias para leitura que você deveria fazer



1) Blog Almanaque.
"Folheto ou livro que, além do calendário do ano, traz diversas indicações úteis, poesias, trechos literários, anedotas, curiosidades etc. (Houaiss). Do árabe al-munákh, "lugar onde o camelo se ajoelha", ponto de encontro e de conversa dos beduínos. Repertório, endimião, camião, sarrabal.
E como já dizia Roland Barthes, tudo aqui deve ser considerado como dito por um personagem de romance."


2) Já Matei por Menos
"Gerações de paquitas e remanescentes do movimento emo sentados com suas cervejas quentes no meio-fio da Augusta têm dificuldade em explicar porque insistem em usar esse corte de cabelo pouco funcional. Tufos de pelo no meio da testa… Como se a vida já não tivesse percalços o suficiente."

3) Petimentos
"Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: histórias que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem: não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance. E é verdade que, quase sempre, desistimos de desejos, paixões e sonhos porque custamos a aceitar que nada se realiza sem perdas: por não querermos perder nada, acabamos perdendo tudo."

4) Afinidades Essenciais
"Quando a gente é muito jovem, ser amado parece ser o problema essencial da nossa existência. A gente se apaixona com tanta facilidade, e com tanta frequência, que encontrar alguém que retribua na mesma intensidade parece a parte mais difícil da vida. À medida que o tempo passa, se você for honesto com você mesmo, vai perceber que a parte difícil da vida é gostar por muito tempo de alguém."

5) Não fale com as plantas
"A tudo a gente se acostuma quando não dispõe de muita mobilidade. Mas vocês não queiram saber o que é uma voz falando e falando e falando sem que você possa empreender uma retirada leão da montanha. Ou simplesmente sair sapateando para a esquerda até estar a uns 100 quilômetros de distância."

6) A arrogância segundo os medíocres
"Essa censura intelectual me deixa irritada. Isso porque a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante. Te repudiam pelo simples fato de você mencionar algo que tem uma tarja invisível de “coisa de gente fresca”."

segunda-feira, 23 de julho de 2012

música de segunda: Laura - Bat For Lashes


Natasha Khan (ou Bat for Lashes, seu nome artístico) é uma cantora e compositora britânica conhecida pelo seu último álbum Two Suns, de 2009. Ela lançou hoje Laura, uma das faixas que estarão presentes no seu novo disco, The Haunted Man, que será lançado em outubro. E lançou também o clipe. A música é dessas melancolias perfeitas para um dia cinza de chuva, com um piano choroso e vocais deprimidos. O clipe é de uma beleza magnífica, como se a tristeza fosse colorida. Tô apaixonada:


Aí eu fui correndo baixar o Two Suns, caso contrário ia ouvir a Laura o dia inteiro no looping (não fez muita diferença) e o álbum é delicado, meio eletrônico, bizarro, experimental, intimista, melancólico. Não sei explicar com propriedade de quem conhece bem música, mas é lindo. A faixa Daniel foi uma das que mais chamou minha atenção, e pelo o que li sobre a Natasha, foi o primeiro single daquele álbum.

Coleciono paixões musicais.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

joyeux anniversaire!



1) Eu não deveria dizer isso que vou te dizer agora
A gente não deve dizer que está apaixonada pelo cara. Ele vai surtar e sumir, é o que sempre acontece. Eles não sabem lidar, acham mil coisas, tipo que eu não sei lidar com minha paixão, que vou ser uma louca perseguidora, que vou, ah, sei lá, eles acham todas as coisas. Por isso em geral a gente finge que não liga a mínima, se corrói toda por dentro, etc e tal. Acho e sempre achei um puta saco esse dôce todo. Porra, por que o cara que eu gosto não pode saber disso? Hoje um cara me perguntou "aquele cara que tava contigo é teu noivo?" e eu disse "não, mas poderia ser, que eu não ia me importar" e ele perguntou "mas ele sabe que você acha isso?". Não sei se ele sabe, então eu vou falar, pelo motivo 2 da lista:

2) A gente não deveria deixar de dizer as coisas
No começo do ano eu perdi um amigo de uma forma horrível. Ele morreu sozinho, mas matou também a parte dele dentro de todas as pessoas que gostavam dele, como sempre acontece. A gente não morre sozinho, na verdade. E eu percebi que eu não falava com ele fazia uma porrada de tempo, que tava com saudades e que, tragicamente, nunca ia matar essas saudades, elas que passariam a me matar um pouquinho todos os dias que eu lembrasse do sorriso mais lindo que eu já vi. Depois disso, depois de umas duas semanas de muito choro, muita tristeza e claro, pensamentos mil (ninguém consegue evitar quando essas coisas tão naturais acontecem perturbando a nossa normalidade), decidi que ia falar o que tivesse sentindo, sem medo. Quer dizer, ainda dá um pouco de medo de dizer certas coisas, mas o que não adianta é sofrer sozinha, se preocupar com o que você não pode controlar.

Se eu não gostar, você vai saber. Se eu gostar, vai saber. Se eu me preocupar, vou dizer. Se eu chorar, vou te dizer. Se eu sofrer, vou te dizer. Se der um nó no estômago, você vai notar. Não é fazer drama, chororô, cena, é ser sincera comigo – com o que eu tô realmente sentindo – e contigo – pra saber efetivamente se eu tô sentindo e o que. Quero ter a certeza de que quem eu gosto tenha certeza que eu realmente gosto e quem eu não me importo também saiba disso.

3) Eu não me importo
Eu não me importo de chorar, de sofrer, de sentir. Aliás, eu acho ótimo. Eu tô aqui pra viver, cazzo! Eu quero mais é me foder mesmo, é sentir frio na barriga, é incomodar, é fazer alguma coisa da vida pros outros, pra mim. Eu dou a cara a tapa se for preciso, eu entro na guerra, eu vou catar você pra cuidar, eu cozinho pros outros, ajudo, peço ajuda, me fodo e diabo a quatro. Se eu ficar controlando (mais) o que eu faço, vou parar aonde? Num vazio de sentimento? Eu nunca fui disso, nunca serei. Eu quero mais é chorar, sofrer, rir, gargalhar. Eu quero mais é me apaixonar pelo cara errado e dar com os burros n'água, gritar, dançar, rodar a baiana. Tô é pouco me fudendo. Não sou de plástico, eu tenho um coração e um cérebro. Quero mais é correr o risco. Correr o risco de me embebedar, de sorrir demais, de gastar demais, de me apaixonar, de odiar, de amar. Quero correr o risco de estar emocionalmente abalada. Eu lido com isso, a culpa não é de ninguém, é minha mesmo, que me permito. E me deixa, me deixa me permitir, que eu quero é sentir. Se eu não quisesse sentir, eu ia querer morrer.

4) Eu não ligo
"The less you give a damn, the happier you will be"
A gente demora pra perceber que quanto menos a gente gasta o suor se preocupando com o que não precisa, melhor a gente vive. É isso aí, se deu certo foi bom, se não deu, adeus. Tira a pedra de cima do problema, é mais fácil viver assim do que com as pedras em cima da gente, garanto. Deixar de frescura, se resolver, resolver as coisas... Não quero joguinho, acende e apaga, mimimi e escambau. Não sou dona da vida de ninguém, deixa que os outros façam o que quiserem. Aceito que é isso e deixo a vida levar. Claro que não aceito babaquice nem escrotice, mas também não preciso sair no tapa com alguém que não leva a sério nem a si mesmo, certo? Então ligue o foda-se, definitivamente. Para de dizer que ligou e stalkear o menino, para de fingir que não liga. Da minha vida cuido eu, da sua vida cuida você.

5) A graça é justamente isso
O que eu gosto é de saber que, mesmo que eu me engane, a gente não tem controle de nada. E é esse frio na barriga que é a graça de estar aqui. É justamente não saber o que pode acontecer, se vou ou não vou, o que vem pela frente – ou se vou voltar atrás. É justamente essa suscetibilidade da gente que faz de tudo bonito. Essa fragilidade faz eu querer quebrar mesmo, pra saber como é. Faz eu saber que tô feliz fazendo o que eu quero. E sei lá se eu vou continuar querendo isso daqui uns anos, eu tô vivendo o agora e agora, eu quero isso sim. Cabelo cresce, coração se recupera, o fígado se regenera. Tudo fica bem. Se vai ser bom ou não, nem tenho como e nem quero medir. Deixa quieto, o tempo vai dizer. A gente nunca vai saber se escolher o outro lado poderia ter feito da felicidade maior ou melhor. A gente nunca, nunca, vai saber tudo. E isso é muito, mas muito bom.

Hoje eu faço 21 anos e tô onde eu queria estar. Com as coisas que eu queria ter. Com o sentimento que eu queria sentir. E isso não há dinheiro que pague, não há colo que resolva, não há música que salve. Era aqui mesmo que eu queria estar. Então tá tudo certo. Vem cá, me dá um abraço e vamos beber?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ninguém disse que seria fácil

 
Eu lembro o dia que eu decidi estar onde estou. Eu era criança, frustrada, sofrida e angustiada. Não devia parecer, mas olhando pra trás a gente percebe os erros que foram acometidos na nossa vida. Como é que pode uma criança não gostar de brincar com outras? Eu tinha medo, vergonha, todos os sentimentos juntos me impedindo de sentir prazer e me divertir como toda criança o faria. Não. Eu não achava certo eu estar bem. Aliás, eu nem me lembro de vários anos da minha infância.

O dia que eu quis ser moça grande, morar sozinha, ter cabelo curto, usar óculos de armação branca e ser feliz foi um dia que, não lembro por qual motivo, eu estava me sentindo a coisinha mais insignificante do mundo. Eu fechei meus olhos, já na cama, e desejei do fundo do meu coração não ser nem estar mais ali. Porque eu não aguentava mais aquelas pessoas, não ser ouvida, ser inferiorizada, esquecida e menosprezada. Tudo isso com uns dez anos. Dez.

Agora eu tô aqui onde eu desejei há 10 anos estar. Agora eu quero desesperadoramente sair daqui de novo. Quero ir pra outro planeta, quem sabe. Quero ter que me preocupar com as coisas que uma pessoa na minha idade e situação deveria se preocupar. Quero me preocupar com o tema do meu projeto de graduação e não se vou ter dinheiro para pagar o aluguel. Quero me preocupar com as horas que terei para fazer os trabalhos das matérias das duas graduações que faço, não se vai sobrar dinheiro pra eu fazer mercado. Quero me preocupar com minha faculdade, não com um estágio ou trabalho porque preciso desse dinheiro pra comer.

E aí quando eu digo que criei uma barreira invisível pra me proteger das coisas que acontecem, sou tida como alguém que precisa se resolver. Se eu não tivesse ouvido desde cedo problemas que nada tinham a ver comigo e que eu não podia fazer nada para mudar, quem sabe eu tivesse me permitido brincar, sair, correr, me divertir.

A gente sofre demais e nem nota. E faz os outros sofrerem muito mais do que gostaria também.

domingo, 15 de julho de 2012

tenho duas coisas a dizer #6


"And I can't stand you
Must everything you do make me wanna smile
Can I not like you for awhile? (No...)"


"Don't turn the lights on
Cause tonight I want to see you in the dark"

quarta-feira, 11 de julho de 2012

6 coisas aleatórias que eu gostaria de ganhar de aniversário



1) uma fôrma de waffles

2) um abraço da minha mãe

3) uma festa bonitinha com todos os meus amigos

4) um aspirador (seríssimo)

5) o livro Linha do tempo do Design Gráfico no Brasil

6) *insira uma surpresa aqui*

segunda-feira, 2 de julho de 2012

música de segunda: radiohead ao vivo

Se tem uma coisa que eu preciso agradecer ao amigo André Almeida, foi a insistência que ele teve para que eu ouvisse Radiohead. E isso foi sei lá, em 2007? 2008? E os caras tão aí, lançando disco, revolucionando a indústria fonográfica, causando, fazendo shows geniais e todas essas coisas que o Thom Yorke e sua turma sabem bem fazer. Mas acho que a prova de que eles são foda é quando você se depara com eles ao vivo, só com guitarra, voz e chocalho (mentira, tem mais coisas). Não preciso dizer mais nada, só ouve:

domingo, 1 de julho de 2012

sobre se apaixonar


Esses dias um amigo veio com a seguinte conversa:
- Cristal, tu que é dessas que se apaixona, como eu faço pra me apaixonar? :(

Aí eu percebi que eu sou exatamente dessas. Eu tô sempre apaixonada. Sempre. Acho que se eu não estiver apaixonada, eu não tô bem. E não é por um cara. É, sei lá, pelo clima. Pela Nina, minha gata. Pela música que ouvi esses dias. Pelo trabalho que finalizei. Pela cafeteira nova. Pelo sorriso que a menina me deu quando eu ajudei ela. Pelas risadas que renderam da conversa com algum amigo. Pelo que almocei. Por tudo, por quase tudo.

Mas aí eu percebi que quando eu me apaixono por alguém – o que não é nada difícil também, como já disse –, é uma coisa por partes. Envolve eu gostar da pessoa, claro. Depois, o que ela gosta de fazer, o que ela faz, como ela se porta, o que ela é e esse tipo de coisa. Se ela não é uma pessoa babaca também é importantíssimo.

Aí começam os pormenores.

Eu tenho uma coisa muito muitíssimo forte com cheiros. Cada pessoa tem o seu cheiro e eu reconheço isso, é meio bizarro. Da série "meu vizinho acabou de sair de casa" porque senti o perfume dele no corredor do prédio (juro!). Então, quando me apaixono, tenho no pacote o cheirinho da pessoa. De chegar pra dar um abraço e sentir o cheiro e já ficar boba? Meu jeitinho.

O gosto musical precisa ter algo em comum, eu preciso curtir algo que ele curta também, ou a gente passar a gostar de alguma coisa. Sabe quando você manda uma música e diz "olha que linda" e a pessoa fala "nossa, demais" e vocês ficam nessa? Então, só que eu crio uma espécie de trilha sonora pra cada pessoa. Como se eu pudesse dizer 3 artistas pra cada pessoa querida que eu conheço.

Guardo o cheiro, a música, os gostos curiosos num pote ou descrevo-os numa lista e aí temos as mil e uma (ou três, ou dez, ou uma) razões para eu me apaixonar por aquela pessoa. Sabe o que? Acho que é isso, é você ter motivos para gostar de uma pessoa, motivos que venham da própria pessoa. Dessas coisas pequenas que ela faz, do jeito errado que ela se porta, do sorriso bonito ou do jeito que fica emburrada. Você só vai se apaixonar se gostar do que vê. E, como disse um amigo meu, a gente só gosta e consegue ficar com alguém quando não quer mudar a pessoa, aceita ela com aquelas coisas que te irritam de vez em quando.



Sobre se apaixonar ou não, a gente precisa estar disposto a isso. Não adianta estar com "a porta, se assim podemos chamar ao coração, essa estava trancada e retrancada". Essa é a diferença do porquê eu tô sempre apaixonada, creio eu: eu deixo me apaixonar. Tanto faz se tá certo, errado, deveria ou não, vai doer ou não. Racionalizar estraga toda a beleza da espontaneidade das paixões.